Arquicast 037 – A Teoria da Deriva

    Siga o Arquicast:

    vitrine_cast_037

    Neste cast psicodélico e cheio de trocadilhos inevitáveis, Adilson (@adilsonlamaral) e Rapha (@_rapha)  batem um papo com a profa. Mariana Dominato Cury (@marianadacury) e o arquiteto Dalton Carvalho (@daltonecarvalho) para explicar a Teoria da Deriva, o movimento da Internacional Situacionista e toda sua teoria devaneante e radical sobre como explorar a cidade.


    Confira a trilha completa no Spotify | escuta lá!


    Comentados no episódio:

    • Perfil do Instagram do Dalton Carvalho, com sua arte sobre a Deriva | Instagram
    • Livro: “Apologia da Deriva: Escritos Situacionistas Sobre a Cidade” Paola B. Jacques | Saraiva
    • Artigo Vitruvius: ” Breve histórico da Internacional Situacionista – IS (1)” Paola B. Jacques | Vitruvius
    • Livro: “Intervenções temporárias: marcas permanentes : apropriações, arte e festa na cidade contemporânea” (2013) Adriana Sansão Fontes | Casa da Palavra
    • Livro: “A arquitetura e o urbanismo revisitados pela Internacional Situacionista” | Vanessa Grossman | Google books
    • Video SK8: Situacionistas | Youtube
    • Trilogia: “Antes do amanhecer” | Cinema UOL

    Comentários, críticas, sugestões ou só um alô mamãe em contato@arquicast.com


    Assine o feed: iTunes | Android | Feed

    1 comentário em “Arquicast 037 – A Teoria da Deriva”

    1. Se me permitem uma pequena adição à conversa: ainda que bastante heterodoxo, uma característica importante em Debord era seu marxismo — aliás, é mais preciso chamá-lo de “marxista” do que propriamente de “anarquista” (embora o sentido usado tenha sido outro, é claro). É nessa perspectiva que muitos de seus escritos e práticas precisam ser enquadrados, como uma elaboração (ou um “desvio”, ou uma “derivação”) das teses marxistas tradicionais: o primeiro parágrafo d’A sociedade do espetáculo, por exemplo, é um espelho direto do primeiro parágrafo do Capital, mas com a necessária mudança de entendimento do que teria sido uma sociedade em que reinaria a ampla troca de mercadorias para uma do “espetáculo”, grau máximo do valor de troca materializado sobretudo pela experiência de vida cotidiana. Espetáculo, afinal, é aquilo que se vê: para Debord, trata-se do capital acumulado a tal ponto que se transforma em imagem — imagem que passa diante de nossos olhos e que nos captura tanto quanto a contemplamos. É o fetichismo em cima do fetichismo. De certo modo ele já antecipa a financeirização na medida em que denuncia o processo de descolamento do valor das mercadorias e de seu valor de troca. Ora, o que seria a cidade capitalista se não a materialização desse capital congelado na forma de um valor de troca cada vez mais espetacularizado?

      Levando isto em conta, poderíamos tentar desviar dessa exacerbação do valor de troca pela via da celebração do valor de uso… e é essa armadilha para a qual não só Debord alerta como estabelece instrumentos de subversão pela via da psicogeografia e da deriva. Ora, o que é a exacerbação do valor de uso na cidade que não a cidade funcionalista moderna? Trata-se, afinal, daquela na qual a circulação das mercadorias e da força de trabalho é otimizada e na qual há espaços dedicados especialmente ao trabalho e à reprodução, como pregam os famosos quatro usos da carta de atenas. Mesmo na cidade tradicional o raciocínio funcionalista se sobrepõe ao traçado produzido por contingências outras que não o do capital: levantamos, vamos para o trabalho, saímos para almoçar, voltamos ao trabalho, voltamos para casa (ou para algum lugar de “ócio programado”) e dormimos, para recomeçar a programação no dia seguinte. A deriva se constitui de uma tentativa de subversão dessa lógica, não para enaltecer a experiência urbana moderna (do capital), mas talvez para mesmo inviabilizá-la e lançar sementes para sua revolução. A errância, afinal, é coisa de vadios, malandros, marginais: tudo aquilo que desafia a programação pensada pelo capital para a experiência urbana. (e justamente por isto que, ainda que involuntariamente e descompromissadamente, os skatistas revelam-se no fundo bastante subversivos a essa lógica perversa do capital)

      É justamente por isto que não faz sentido pensar em uma elaboração arquitetônica do situacionismo: a questão não é um manifesto para uma nova cidade, mas a liberação da vida na cidade de sua programação do capital.

      Responder

    Deixe um comentário

    Oi gente! Em mais um episódio de cinema, falamos de uma comédia romântica que conquistou o público e a crítica, tornando-se um clássico do cinema…

    Hoje estamos aqui pra conhecer o trabalho de um escritório com sede nos morros das Minas Gerais. Baseados em Belo Horizonte, o escritório busca respostas…

    Hoje vamos conversar sobre uma das práticas que ajudaram a definir nossa profissão. Observar e representar o nosso mundo, mais que ser coisa de arquiteto,…