Arquicast 053 – Arquitetura Contemporânea Brasileira

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    Em mais um episódio de conjecturas, Adilson (@adilsonlamaral) e Aline (@lilocacruz) conversam com Bruno Sarmento (@bcsarmento) e Caio Dias (@caiosmoralekdias) a respeito da produção da arquitetura brasileira atual. Falamos sobre as origens da linguagem da arquitetura brasileira, fatos relevantes na história recente que envolvem a produção arquitetônica e as tendências que norteiam o campo atual da nossa arquitetura.


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    6 comentários em “Arquicast 053 – Arquitetura Contemporânea Brasileira”

    1. Vou me permitir fazer o papel do ouvinte chato: acho um pouco problemática essa abordagem, por dois motivos principais.

      1. O cenário traçado para o que se escolheu chamar de “arquitetura contemporânea brasileira” quase repete o velho cacoete “arquitetura clássica > idade das trevas > renascimento”, no sentido de eleger um referencial moderno que teria sido perdido um interregno lá pelos anos 1970–80 e teria sido “resgatado” pela geração formada a partir dos anos 80. Essa narrativa meio triunfalista, meio revivalista colabora para a naturalização de um valor supostamente intrínseco a uma certa arquitetura que acaba desvinculada não só de suas condições de produção e circulação mas também da possibilidade de crítica de sua apropriação social. Afinal, o que nos quer dizer uma sociedade que produz e consome esse tipo de arquitetura? Qual o papel exercido pelos extratos sociais que a produzem e a fazem circular? Por que nossas elites (ou parte delas) cultuam essa arquitetura blasé, formalmente pura, delicada, bem desenhada, etc? (sem falar, é claro, na própria redução de todo o contemporâneo a uma produção específica e bastante circunscrita)

      2. Nesse sentido, alguns poderiam argumentar que seria necessário evidenciar as “outras arquiteturas contemporâneas” que eventualmente são produzidas no país (como, por exemplo, o que alguns chamariam de “escola paulista do mutirão”). Sem menosprezar a importância desse “escovamento a contrapelo” da história da arquitetura contemporânea, acho que seria preciso aprofundar tal escovamento não no sentido de “dar voz aos silenciados” — que seria a operação contraposta mais previsível — mas de efetivamente explorar os motivos da evidenciação e do protagonismo daquela arquitetura em relação a outras. E, neste caso, falar de arquitetura contemporânea (mesmo que limitada aos recortes sugeridos), seria justamente explorar, mais uma vez, suas condições de produção, circulação, apropriação, explorando seu papel tanto na produção e circulação de mercadorias “tradicionais” quanto no mercado de capital simbólico que é tão específico de nossas elites.

      Enfim, ficou o incômodo justamente porque, como colocado pela professora Aline, há toda uma produção acadêmica relevante no país inteiro que reflete sobre essas questões que acaba ficando desconhecida.

      Bom, desculpem o comentário chato e mais uma vez parabéns pelo programa.

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      • Olá Gabriel.

        Já que se permitiu colocar um questionamento, permita-me não necessariamente responder a você mas colocar meu ponto de vista,:

        1- A maioria dos autores que escrevem sobre a história (seja arquitetônica, política, social…) têm por ideia geral esta espécie de “classificação” na tentativa de síntese. Obviamente, não há consenso sobre a síntese pois ela tende a um reducionismo e precisamos ficar atento a ele. É claro que corremos esse risco também quando nos propomos a falar sobre isso dessa maneira. Mas é fato, como é falado no episódio, que nossa conversa é reflexo da discussão que a própria crítica sobre a nossa arquitetura propõe. Sobre a questão da “escolha” da elite artística e arquitetônica por essa arquitetura descrita no seu texto, acho que essa discussão abrange um contexto sociocultural que tem nos editores das publicações, curadores de congressos, autores de livro, dentre outros, grande parcela de culpa nestas escolhas. Entretanto, não há necessariamente uma vil intenção nestas escolhas já que, como você disse, ela é majoritariamente reflexo de uma construção sociocultural atual da arquitetura. O que rege essa construção sociocultural (já me repetindo) abrange um contexto muito mais filosófico e arriscado de ser definido por nós que não somos sociólogos de formação.

        2-De fato, há um incômodo em toda produção de vanguarda em contexto mundial (ela não é privilégio brasileiro) nas escolhas de arquiteturas que irão ser referências para a produção em massa. Tanto que esse ponto de vista parece estar sendo adotado pelo Prêmio Pritzker, que vem apontando os holofotes para outro tipo de produção arquitetônica. Esta produção nvem colocando outros critérios de extrema importância como prioridade para o contexto global socioeconômico. A premiação parece querer se distanciar das arquiteturas formalmente emblemáticas em sua estética e inovação e tem procurado a relevância dos arquitetos de forte representatividade local, com um grande apelo regional. Acho (e é uma opinião muito pessoal) que a baliza no Brasil ainda está na análise dos extremos tendo, de um lado, a discussão sobre a própria “regionalidade moderna” das nossas arquiteturas e, de outro, a vergonhosa produção em massa do programa Minha Casa Minha Vida, que se distanciou em muito do que é minimamente aceitável em termos de produção arquitetônica.

        Enfim, me estendi demais no contraponto e não respondi tudo (quem me dera!). Mas como foi apontado, esta discussão merece com certeza outro podcast.
        Forte abraço!

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      • Olá Gabriel! Obrigada pelo comentário nada chato, pertinente e construtivo. Eu, Lili, concordo com você. Não quero fazer aqui juízo de valor, certo e errado, essas bobagens. Minha concordância vai no sentido de entender que o debate sobre a produção contemporânea brasileira tem nuances que não foram abordadas pelo nosso bate-papo. E acho que você aponta alguns motivos pra isso. Motivos que, talvez, nós mesmos não tenhamos problematizado. Adilson traz outra visão, que complementa a reflexão, em sua resposta aqui no site.
        Acho que tudo que foi conversado no episódio é pertinente, instrutivo e bem-vindo. Mas concordo que toca parcialmente no grande tema que nos arriscamos a fazer. Nada nos impede de continuar o debate, certo? Você sugere caminhos interessantes. Eu mesma fiz uma sugestão durante o cast e estamos nos organizando para trazer outros olhares sobre o tema, afim de ampliarmos horizontes juntos! Obrigada pela reflexão. Abs, Lili

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    2. Bem primeiro quero parabenizar pelo post. E depois de muito tempo resolvi comentar aqui no post. Alguns pontos quero levar em consideração: O primeiro e não mais importante, foi a piada de “tiozão” do Adilson… rsrsrsr. Mas admito que eu pensei a mesma coisa, era a única Corona que eu lembrava.
      Mas com relação ao tema, infelizmente a Arquitetura Contemporânea se polariza muito entre Rio e São Paulo. Mas entendo que isso é muito por conta de nós mesmo arquitetos que sempre tomamos com referência esses arquitetos e também pelo melhor acesso a informação desses dois polos. Algumas atitudes nossas reforçam esse ponto. Primeiro que nós sempre fazemos questão de ir para feiras, casa cor ou eventos em São Paulo para buscar referência; segundo, por que as coisas demoram muito para chegar no nosso mercado, então o que vemos como tendência no mercado Paulista, demora pelo menos 3 a 5 anos para torna-se usual em nossa cidade por exemplo. Mas vemos muita gente fazendo boa arquitetura por aqui e que poderiam se igualar ao que temos visto no eixo Rio-São Paulo. Por fim, creio que a Arquitetura Contemporânea ta passando por uma transformação e um hiato muito grande, vejo com o acesso a informação vamos ver quem sabe um novo estilo Arquitetônico Nascendo, ou simplesmente estagnarmos um control c + contro v atual, o que me recurso a imaginar, mas isso talvez seja um assunto para um outro cast.
      Gente saudade de vocÊs!! Grande abraço

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      • Olá, Kenny! Eu falei pro tio Adílson e tio Rapha a mesma coisa. Só que pra mim Corona é cerveja! kkk Sobre o tema do cast, eu não pensaria em termos de estilo arquitetônico paulista ou carioca. Mas em termos de escolas e contextos. Concordo com você que nossas pesquisas por referências costumam ser limitadas e culturalmente induzidas, levando em consideração o tamanho e diversidade do nosso território. Mas acho que cabe a pergunta: quando buscamos referências de outros projetos, quais atributos estamos privilegiando? Será que fazemos isso com a crítica e contextualização necessária? Bom tema para outro cast… Abraços e obrigada pela participação. Lili

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