Arquicast 155 – Arquitetura e Cinema: O Homem ao Lado

    Siga o Arquicast:

    Neste episódio conversamos sobre um filme que, apesar de ambientado no único projeto de Le Corbusier efetivamente construído em toda a América Latina, tem toda sua trama centrada em um elemento arquitetônico, digamos, quase secundário, do ponto de vista compositivo da obra: o muro da divisa dos fundos. Estamos falando do premiado filme argentino O Homem ao Lado. As relações de vizinhança e a própria arquitetura servem de ponto de partida para os diretores falarem de temas espinhosos como direito de propriedade, desigualdade social, cultura e intolerância.

    Quem nos acompanha nessa empreitada é a arquiteta Paula Vilela, sócia fundadora da produtora Filmes de Bolso e mestre em Cenografia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Junto com a Paula, participa ainda o arquiteto Gustavo Novais, presença frequente em nossos casts.

    “O Homem ao Lado”, dirigido por Mariano Cohn e Gastón Duprat, conta a história do premiado designer industrial Leonardo (Rafael Spreguelburd), que mora na famosa casa com sua esposa e filha, e sua relação nada amigável com seu vizinho de fundos, Victor (Daniel Aráoz). Os conflitos começam quando Victor abre uma janela exatamente no muro que faz a divisa de fundos entre os dois terrenos, onde, por lei, não é permitida nenhuma abertura. Mas o filme vai muito além da legislação urbana.

     Tratada como uma obra de arte, a casa é entendida como um espaço imaculado e qualquer alteração não prevista interfere na apreciação e vivência deste espaço. Ao menos, pelo ponto de vista de Leonardo e sua família. E é neste sentido que a arquitetura desempenha um papel central na trama.

    O projeto de Le Corbusier, conhecido como Casa Curutchet devido ao nome de seu primeiro morador, segue à risca os preceitos modernistas e o filme explora amplamente o resultado espacial da conjugação dos 5 pilares fundamentais do Movimento Moderno: planta livre, janela em fita, fachada livre, terraço-jardim e a estrutura independente, com pilotis. As medidas internas da casa foram adaptadas tendo o Modulor como parâmetro. O projeto final, como vemos no filme, teve ainda a colaboração do arquiteto argentino Amancio Williams, responsável pelo acompanhamento da obra, uma vez que Le Corbusier não chegou a visitar o local.

    Durante todo o filme é possível perceber a relação das pessoas com o espaço projetado e como os arquitetos souberam tirar partido dos elementos arquitetônicos modernistas para lidar com um terreno de uso residencial, num lote de miolo de quadra, cercado por edificações mais altas. A busca por luz e pela qualidade do ambiente interno é o grande motivador das ações dos personagens e simboliza as diferenças entre as posições econômicas e culturais dos protagonistas.

    Os diretores não economizam na crítica à dimensão objetual da arquitetura e em como a exacerbação de um determinado padrão de beleza e comportamento pode ser extremamente excludente e, no caso do filme, até mesmo perigoso.

    Ficou curioso(a)? Então não deixe de ouvir!

    Ótimo cast e até a próxima!


     

    Apoio: 

    https://www.rocaceramica.com.br/


     

    Clique aqui e entre em nosso canal no Telegram!


    Clique aqui e entre em no grupo Oficina do Arquicast no Whatsapp (grupo limitado)!


    Siga nosso canal no YouTube



    Comentários, críticas, sugestões: contato@arquicast.com


    Assine o feed: iTunes | Android | Feed

    Deixe um comentário

    Hoje voltamos em um assunto que foi pauta recente por aqui. Retomamos o tema do episódio 214, sobre ambientes de trabalho em arquitetura, já que…

    Em mais um episódio de entrevista, o Arquicast recebe a ilustre arquiteta Fernanda Marques. Formada pela FAU USP, Fernanda faz questão de desenvolver seus projetos…

    Hoje vamos falar sobre um tema que tem circulado entre os profissionais arquitetos nos últimos anos, principalmente através das redes sociais. Muita gente ainda tem…